data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
Tímido, Sandro não quis expor o rosto na reportagem, mas segue em busca de conseguir a transferência da filha para um hospital de Porto Alegre
Em meio à pandemia do novo coronavírus, muitas famílias deparam-se com outras enfermidades, e, na maioria das vezes, com a falta de recursos para arcar com as despesas que envolvem um tratamento de saúde. Apesar das dificuldades, gestos de solidariedade ajudam a amenizar a preocupação, como aconteceu com uma família de Santana de Livramento.
O casal da fronteira encontrou, em Santa Maria, um ato de generosidade em meio à luta pela saúde da filha Alice, 2 anos e 9 meses. Desde 22 de abril, ela está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário (Husm) e, para se manterem o mais próximo possível da pequena, os pais, o motorista Sandro Alex Santos da Costa e a gerente de empresa Márcia Shaiane Gomez da Costa, ambos com 31 anos, chegaram a dormir várias noites dentro do carro, por não terem condições de pagar um hotel.
No último fim de semana, porém, a batalha ganhou um alento, quando um casal de aposentados do Coração do Rio Grande soube do sofrimento da família e resolveu ajudar, pagando as diárias de uma pousada em Camobi. Assim, Marcia e Sandro terão onde ficar durante o período em que menina estiver no hospital.
Os voluntários preferiram não se identificar na reportagem. Por terem parentes em Santana do Livramento, a disposição em ajudar foi imediata e, com informações do jornal A Plateia, entraram em contato com Sandro.
- Meu marido é de Livramento. Geralmente, hospedamos quem vêm para o Hospital de Caridade na nossa casa. Como somos do grupo de risco do coronavírus, desta vez, preferimos pagar para eles ficarem em outro local. Não tem como não me colocar no lugar deles. Devido à profissão do meu marido, minha família já viajou para vários lugares. Temos noção de o quanto é ruim ficar em uma cidade onde não se conhece ninguém - fala a idosa.
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O CASO DE ALICE
Segundo o pai, Alice estava brincando no feriado de 21 de abril, quando reclamou de dor na cabeça e começou a vomitar. Em Livramento, passou por tomografia, já inconsciente. O exame constatou que ela tinha um sangramento na cabeça e precisaria ser transferida para Santa Maria.
- Primeiro, não tinha ambulância. Depois, não tinha médico para acompanhá-la. Fizeram uma drenagem na cabeça dela, para aliviar a pressão. No outro dia, viemos para Santa Maria. Os preços das pousadas são caros para nós e não sabíamos quanto iríamos gastar com os medicamentos, nem quantos dias iremos ficar. Então, optamos por dormir no carro - conta Sandro.
O casal se alimenta com a comida oferecida pelo hospital e com lanches. O café da manhã e os banhos têm sido na pousada.
Alice está em coma induzido há 13 dias. Ela está na fila de espera de leitos para um hospital de Porto Alegre. Segundo Sandro, os médicos ainda não chegaram à conclusão exata de qual é o quadro clínico da criança. Ainda não há previsão de qual será a data de transferência.
- Esperamos poder, um dia, ir com a nossa filha até quem nos ajudou e agradecer. Tudo que queremos é a nossa menina de volta - emociona-se o pai. (Colaborou Rafael Favero)
COMO AJUDAR
Depositando na conta bancária
- Caixa Econômica Federal (Em nome de Márcia Shaiane Gomez Figueira)
- CPF - 023.371.400-67
- Agência - 0505
- CP - 00029536-9
- Op - 013
O QUE DIZ O HUSM
A paciente está internada na instituição há cerca de duas semanas. Em razão da pandemia da Covid-19, as visitas na UTI estão suspensas. Contudo, ela tem direito a um acompanhante. Os pais têm se revezado para ficar ao lado dela. O Husm dispõe da Casa de Apoio ao Motorista e Usuário, que permanece aberta de segunda à sexta-feira, das 7h às 19h. No local é possível usar os sanitários e utilizar microondas e geladeira para aquecer ou armazenar alimentos.
Os pais de Alice podem ter acesso ao local, onde podem, também, tomar banho.
*Colaborou Rafael Favero